Ética ou descaso?

O assunto que correu durante pelo menos da metade da semana para cá foi da tal falta de minuto de silêncio no jogo entre Internacional x Corinthians para Clóvis Acosta Fernandes, o Gaúcho da Copa. Personagem símbolo tradicionalista que ficou conhecido por percorrer todos os jogos da Seleção Brasileira em Copas do Mundo pilchado. Clóvis faleceu decorrente de um câncer na madrugada de quarta-feira.

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A verdade do que realmente aconteceu para não ter a homenagem póstuma ao Gaúcho da Copa ainda não foi revelada à imprensa. Porém, uns dizem que não teve o minuto de luto pela figura símbolo ter identificação com o time rival. A outra versão que corre nos arredores do Beira Rio é que o pedido vindo pela CBF não ter vindo previamente com o documento padrão que geralmente é feito nesses casos.

Mas qual é a ética que marca a presença de tal ato marcado em estádios de futebol? Concordo que personagens símbolos da nossa história e que nos representam de alguma maneira devem sim ser lembrados com carinho em momento de partida. Porém, quantos outros se desprenderam da terra e nem ao menos foi comentado em alguma rede social?

Talvez, o fato de Clóvis ter a identificação com o Grêmio causou revolta da parte azul pela ausência de homenagem na casa colorada. Mas quero chamar a atenção para o seguinte acontecimento: neste ano, milhares de famílias gaúchas, de cidades próximas a Porto Alegre, ficaram sem teto por causa das enchentes. Quantos gremistas e colorados não morreram afogados ou com pneumonia decorrente de tanta água e umidade? Ou vamos até um pouco mais recente, com o surto de meningite na região metropolitana afetando principalmente crianças e adolescentes. Houve homenagem? Houve chamarisco? Houve revolta?

Acredito que o Gaúcho da Copa tenha representado sim o Rio Grande, mas é importante rever os conceitos de “quem merece” o rito de minuto de silencia em estádios de futebol. Um personagem, um ex jogador, um presidente ou uma massa que exempla todo um estado? É tempo de rever os conceitos e ficarmos nós um pouco em silêncio.

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